O milho que nasce espontaneamente após a colheita, conhecido como milho guaxo, pode ser o hospedeiro para a cigarrinha.
O presidente da Fetaesc, José Walter Dresch, participou do lançamento da campanha para eliminação do milho guaxo e combate à cigarrinha, na noite desta quarta-feira (12), durante o 1° Encontro Sul-Brasileiro De Fitossanidade (Enfit Sul). Com uma quebra de quase 30% na safra esperada de milho, Santa Catarina cria força-tarefa para combater a cigarrinha-do-milho e reduzir os impactos nas lavouras. Na ocasião, o Governo do Estado e representantes dos produtores rurais lançaram juntos uma campanha para conscientizar os agricultores a eliminarem o milho que nasce espontaneamente após a colheita, conhecido como milho tiguera, guaxo ou voluntário. A planta pode ser o hospedeiro para a cigarrinha entre uma safra e outra.
"Nós estamos desenvolvendo várias ações para o combate à cigarrinha-do-milho e é necessário que o produtor esteja atento. Devemos evitar o rebrotamento do milho nas propriedades rurais porque é exatamente esse o local que hospeda a cigarrinha. Esperamos que, na próxima safra, com os investimentos que estamos fazendo, possamos enfrentar essa praga para que a agricultura de Santa Catarina continue prosperando", destaca o secretário da Agricultura, Altair Silva.
A campanha para eliminação do milho guaxo tem como objetivo conscientizar os produtores e incluir as cooperativas, comerciantes de sementes e lideranças do setor produtivo na discussão, estimulando essa prática cultural. O milho guaxo nasce, espontaneamente, a partir dos grãos que caem no transporte ou durante a colheita. No meio de outras culturas, áreas de pousio ou beiras de estrada, o milho voluntário pode ser um abrigo para a cigarrinha entre as safras.
"Se houver plantas de milho guaxo, onde as cigarrinhas possam se abrigar, existe maior chance que o complexo do enfezamento do milho se mantenha circulando até a próxima safra, que inicia em agosto aqui no estado. A eliminação do milho tiguera, isoladamente, não é a solução do problema, mas é uma prática capaz de eliminar o que chamamos de ponte verde, ou seja, reduzir a ocorrência de plantas de milho em fase de desenvolvimento vegetativo ligando uma safra a outra", explica o gestor do Departamento Estadual de Defesa Sanitária Vegetal, Alexandre Mees.
Segundo o secretário adjunto da Agricultura, Ricardo Miotto, é imprescindível que os produtores entendam que o manejo da cigarrinha deve ser feito de forma regionalizada. "É fundamental que todos os produtores tenham muito claro que o controle do milho tiguera é fundamental para que possamos controlar a população da cigarrinha. E esse controle deve ser de maneira regionalizada, ou seja, todos os produtores do estado devem estar conscientes do seu papel no cuidado com a sanidade vegetal. Porque assim conseguiremos diminuir a população de cigarrinha nesse período de entressafra e, com a população menor no início da safra, teremos menos danos. Todos devem se unir nesse trabalho de manejo e controle", ressalta.
Além da eliminação do milho guaxo, a Secretaria de Estado da Agricultura, a Epagri e a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) orientam ainda que os produtores respeitem o período de semeadura do milho, que em Santa Catarina acontece entre agosto e janeiro; busquem sementes de milho com maior tolerância aos enfezamentos e adotem práticas para reduzir a perda de grãos na colheita.
A cigarrinha-do-milho já esteve presente nos milharais de Santa Catarina em outros períodos, porém em baixas populações ou taxas de incidência. O que aconteceu na última safra foi que as condições ambientais favoreceram a sobrevivência do milho tiguera nas regiões de menor altitude e encostas de rios.
A campanha de conscientização dos produtores é uma iniciativa do Comitê de Ação Contra a Cigarrinha do Milho e Complexo de Enfezamentos, formado pela Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Epagri e Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).
Programa Monitora Milho SC
A Secretaria de Estado da Agricultura irá investir R$ 568,5 mil no monitoramento constante das lavouras de Santa Catarina. O Programa Monitora Milho SC está focado em pesquisa, desenvolvimento e inovação para minimizar as perdas com a cigarrinha-do-milho e evitar o mesmo problema na próxima safra.
O Programa irá delimitar a presença da cigarrinha-do-milho nas lavouras catarinenses, com o monitoramento constante e a melhoria da comunicação com produtores. A intenção é criar mecanismos para tornar possível a comunicação dos órgãos de defesa sempre que houver sintomas de enfezamento em suas áreas, além de receber alertas quando houver ocorrência de cigarrinha na região. A expectativa é observar 20 pontos em todo o estado.
Outras ações de combate à cigarrinha-do-milho
Desde setembro do ano passado, pesquisadores da área de fitossanidade da Epagri/Cepaf estão capacitando técnicos das equipes de extensão rural e de cooperativas para monitorar o problema, inclusive com a realização de testes moleculares para avaliação de populações infectadas.
Além disso, a Epagri está apoiando os produtores rurais na elaboração dos laudos de renegociação de parcelas de financiamentos junto aos bancos.
Impactos na safra de milho
A cigarrinha-do-milho vem causando estragos nas lavouras de Santa Catarina. O estado, que esperava colher 2,9 milhões de toneladas, terá uma redução de 28,9% na produção estimada. Segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), os produtores catarinenses deixarão de colher mais de 900 mil toneladas de milho, principalmente nas regiões de Chapecó e São Miguel do Oeste.
Fonte: Governo de SC
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