Foto: Epagri/Divulgação
A Epagri está divulgando medidas para que os agricultores possam enfrentar a estiagem em Santa Catarina, que persiste desde 2019, principalmente na região Oeste. A falta de chuva vem impactando os rios catarinenses: das 34 estações hidrológicas de monitoramento de nível de rios da Epagri/Ciram no estado, 20 apresentam situação de estiagem. Segundo o meteorologista Clóvis Corrêa, a previsão para os meses de maio, junho e julho é de chuva abaixo da média histórica devido à atuação do fenômeno La Niña.
O gerente de extensão rural e pesqueira da Epagri, Darlan R. Marchesi, ressalta que a Empresa, além de desenvolver tecnologias que auxiliam os agricultores, também operacionaliza Políticas Públicas disponibilizadas pela Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, que possibilitam investimentos nas propriedades para mitigar a restrição hídrica em cultivos agrícolas e produções pecuárias. Confira a seguir as indicações importantes da Epagri que podem ser adotadas para enfrentar a estiagem na área rural.
Orientações básicas
– Procure apoio nos escritórios municipais da Epagri, nossos técnicos estão preparados para orientar em práticas, tecnologias e políticas públicas.
– Acompanhe as previsões metereológicas da Epagri/Ciram.
– Sempre que possível, faça o planejamento para enfrentar a estiagem: implante e ou amplie a capacidade de reservas de água no solo e em cisternas.
– Invista em reservatórios dimensionados para maior disponibilidade, principalmente onde há produção animal.
– Poços artesianos podem ser opções complementares, mas atenção, sempre procurar profissionais habilitados e critérios técnicos.
Práticas estruturantes
– Implante e/ou amplie a capacidade de reserva de água na propriedade.
– Capte a água da chuva para armazenar no próprio solo, mas também em reservatórios e cisternas. Conheça o Kit Solo Saudável e o programa Cultivando água e protegendo solo. Essas políticas públicas fornecem subsídios aos agricultores com enquadramento para aquisição de sementes de adubos verdes, proteção e recuperação de nascentes, terraceamento, cobertura do solo e armazenamento de água.
– Proteja nascentes e se viável utilize a proteção de Fonte Modelo Caxambu, de baixo custo e alta eficiência.
– Faça avaliação da qualidade do solo em profundidade: perfil cultural. Se necessário, em caso de compactação e adensamento, escarifique e implante imediatamente culturas com sistema radicular bem desenvolvido.
– Faça análise química e física do solo, corrija a fertilidade do solo.
– Utilize sistema de rotação de culturas, com plantas de cobertura do solo e Semeadura Direta.
– Implante práticas mecânicas de conservação do solo e da água como: terraços e curvas de nível.
Pecuária
– Faça a orçamentação alimentar, ou seja, calcule a demanda de forragens e a oferta de reservas de alimento para período mínimo de 154 dias.
– Em caso de balanço negativo, descarte de animais: inicie por aqueles que jamais produzirão leite, seguidos de vacas com problemas sanitários, reprodutivos e/ou com idade avançada e por último as vacas com baixa produtividade.
– Produza alimentos concentrados na propriedade e utilize alternativas balanceadas de rações contendo soja em grão, casquinha de soja, cereais de inverno (Trigo, farelo de trigo e outros).
– Procure os técnicos da Epagri para calcular a viabilidade técnica e econômica desses alimentos, em substituição ao milho e farelo de soja.
– Faça semeadura e sobressemeadura das pastagens de inverno quando o solo apresentar condições de umidade.
– A médio e longo prazo, implante pastagens perenes de alto potencial produtivo, tolerantes ao estresse hídrico, como é o caso do capim-pioneiro e do Tifton 85.
– Implante e/ou amplie a capacidade de reserva de água da propriedade, tanto para abastecimento dos animais, quanto para irrigar pastagens, se for o caso.
– Melhore a disponibilidade de água de qualidade ofertada aos animais nos piquetes.
Grãos – cereais de inverno e plantas de cobertura do solo
– Planeje para semear as culturas na melhor época, de acordo com o zoneamento.
– Acompanhe previsões climáticas e escalone a semeadura.
– Utilize sementes fiscalizadas ou certificadas de boa procedência e selecione variedades mais indicadas para a região.
– Adeque a densidade de semeadura. Caso as previsões apontem para redução nas precipitações, poderá ser utilizada a estratégia de reduzir a populações de plantas.
– Se necessário, utilize semeadoras com hastes sulcadoras.
– Faça Semeadura Direta, com mínimo revolvimento, monitorando as áreas para que tenham palhada suficiente, preferencialmente acima de 10 toneladas de massa seca por hectare.
Cebola e alho
– Dimensione lavouras em função da disponibilidade de água de reservatórios para de irrigação. Cebola e alho exigem volumes que variam de 600 a 850 mm no ciclo.
– Para cebola, reserve água para garantir o pegamento de mudas e 4 a 5 irrigações no período crítico da cultura.
– Amplie a capacidade de reserva de água da propriedade.
– Planeje com antecedência a necessidade em implantar e ou ampliar sistemas de irrigação, recomendados, visando o uso racional da água.
– Maneje a irrigação com tensiômetros, dados de estações meteorológicas da Epagri/CIRAM e outros métodos.
– Utilize o Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) para ampliar a capacidade de reserva de água no solo e reduzir em 50% a necessidade de uso de irrigação.
Fruticultura
– Implante ou amplie a reserva de água da propriedade, com sistema de irrigação por gotejamento, que otimiza o uso da água. No caso de controle de geada, o sistema de aspersão poderá ser considerado.
– Mantenha a cobertura de solo com a semeadura de adubos verdes e manejo com roçadas.
– Efetue manejos de inverno nos pomares, como podas de limpeza e controles fitossanitários.
– Acompanhe previsões climáticas para efetuar as práticas de podas nos momentos mais adequados para a cultura e minimizar eventuais danos ocasionados por geadas e/ou intensificação da estiagem
Apicultura
– Acompanhe as floradas e adapte os manejos das colmeias.
– Monitore apiários para evitar a morte ou enfraquecimento das colônias.
– Forneça alimento proteico e energético. *O bife proteico deve ser colocado próximo às crias.
– Evite abrir as caixas, pois há perda de calor, gasto de energia e alimento para elevar a temperatura novamente.
– Em dias frios, não pulverize com ácido oxálico para controle de varroa, pois poderá ocorrer o congelamento dentro do ninho;
– Instale “alvado invertido”. Emergencialmente pode ser utilizado um sarrafo na parte central do alvado.
– Coloque o poncho ou entre tampa horizontal. Emergencialmente pode ser utilizado entretampa de ráfia.
– Utilize poncho ou entre tampa vertical nas colmeias que for necessário.
– Acesse o site Apis on-line.
Piscicultura
– Acompanhe a qualidade de água nos viveiros: monitore oxigênio dissolvido (>4 mg/L), a alcalinidade (> 30 mg/L) e a transparência (entre 25 a 40 cm).
– Controle adubações, fertilizações ou arraçoamentos em caso de falta de água, com oxigênio baixo e transparências abaixo de 25 cm.
– Utilize biometrias e a tabela de alimentação (Epagri) para alimentação para tilápias.
– Evite drenagens e corrija possíveis vazamentos nas comportas.
– Apenas renove a água de forma pontual quando os parâmetros não estejam adequados. Se necessário, reduza cerca de 10 a 20% do volume, posteriormente, eleve o nível novamente.
A seguir os links dos documentos Epagri para auxiliar nesses manejos: Sistema de produção de tilápia / Manejo de alimentação e desinfecção de viveiros
Em todos os casos, procure orientação técnica da Epagri nos escritórios municipais. Nossa equipe está disponível para auxiliar os agricultores catarinenses.
Fonte: Epagri
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