Cerca de 300 mulheres agricultoras de Santa Catarina pegaram a estrada e embarcaram nesta segunda-feira (12) para participar da 6ª Marcha das Margaridas, que ocorrerá na terça-feira (13) e quarta-feira (14), no Parque da Cidade, em Brasília.
A delegação catarinense conta com dirigentes sindicais, assessoras, colaboradas, diretoras e presidentes dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais filiados à Fetaesc e trabalhadoras rurais dos municípios de Criciúma, Erval Velho, Curitibanos, São João do Sul e das microrregiões Florianópolis Norte, Litoral Norte, Cebola, Astramate, Vale do Araranguá, Três Fronteiras, Centro-Oeste, Vale do Rio do Peixe e Baixo Vale do Itajaí.
A Marcha das Margaridas é uma ampla ação estratégica das mulheres do campo, da floresta e das águas para conquistar visibilidade, reconhecimento social, político e cidadania plena. Criada em 2000, a Marcha das Margaridas vem se tornando a maior e mais efetiva ação de luta das mulheres contra a exploração, a dominação e todas as formas de violência e em favor da igualdade, autonomia e liberdade para as mulheres. A voz de milhares de trabalhadoras do campo, da floresta, das águas e da cidade lutam por um Brasil com soberania popular, democracia, justiça, igualdade e livre de violência.
Milhares de agricultoras familiares, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, pescadoras, marisqueiras, geraizeiras, quebradeiras de coco babaçu e extrativistas que vêm de todas as regiões do Brasil e da América Latina estarão em Brasília para apresentar uma plataforma política em defesa da classe trabalhadora, principalmente, das mulheres.
A coordenadora de Mulheres da Fetaesc, Agnes Schipanski Weiwanko, ressalta que, depois de meses de organização e formação das agricultoras catarinenses, é gratificante ver o ânimo e o empenho das mulheres durante o embarque para chegarem a Brasília. “A Marcha das Margaridas é um momento importantíssimo para reafirmar a luta das mulheres e apresentar as reivindicações para garantir direitos e melhorias de vida e de trabalho no campo”, salienta a coordenadora de Mulheres de Santa Catarina.
Agnes Weiwanko destaca ainda que a luta das mulheres é reconhecida, respeitada e ganhou visibilidade graças às marchas anteriores. “Precisamos dar continuidade ao projeto, que ganha ainda mais força este ano, e mostrar à sociedade a importância dessa ação que envolve milhares de mulheres do Brasil e representantes de outros 26 países”, complementa.
A Marcha se constrói a partir de amplo processo formativo, de debate, ação política e mobilização, desenvolvido pelas mulheres desde as comunidades, municípios e estados até chegar às ruas da Capital do País.
Coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag), 27 Federações e mais de 4 mil Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais filiados, a Marcha das Margaridas se constrói em parceria com 16 movimentos feministas e de mulheres trabalhadoras, centrais sindicais e organizações internacionais.
MARGARIDA ALVES
A Marcha tem como força inspiradora a luta de Margarida Maria Alves, uma mulher trabalhadora rural nordestina, que rompeu os padrões tradicionais de gênero e ocupou, por 12 anos, a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, na Paraíba.
Margarida Alves foi uma líder sindical bastante influente, construiu uma trajetória sindical de luta pelo direito à terra, pela reforma agrária, por melhores condições de trabalho e contra as injustiças sociais e o analfabetismo, além de fundar, enquanto esteve à frente do sindicato, o Centro de Educação e Cultura do Trabalhador Rural.
No dia 12 de agosto de 1983, aos 40 anos, a grande lutadora do povo foi brutalmente assassinada na porta da sua casa. Seu nome se tornou um símbolo nacional de força e coragem cultivado pelas mulheres e homens do campo, da floresta e das águas. É em nome dessa luta que a cada quatro anos, no mês de agosto, milhares de Margaridas de todos os cantos do País marcham em Brasília, num clamor por justiça, igualdade e paz no campo e na cidade.
Conheça os 10 eixos políticos da Marcha das Margaridas 2019:
- Por Terra, Água e Agroecologia
- Pela autodeterminação dos povos, com soberania alimentar e energética
- Pela proteção e conservação da sociobiodiversidade e acesso aos bens comuns
- Por autonomia econômica, trabalho e renda
- Por Previdência e à Assistência Social pública, universal e solidária
- Por Saúde pública e em defesa do SUS
- Por uma educação não-sexista e antirracista e pelo direito à educação do campo
- Pela autonomia e liberdade das mulheres sobre o seu corpo e a sua sexualidade
- Por uma vida livre de todas as formas de violência, sem racismo e sem sexismo
- Por democracia com igualdade e fortalecimento da participação política das mulheres