O Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta sexta-feira (8), traz à tona as inúmeras conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres ao longo dos últimos anos. O dia 8 de março reforça ainda a luta para garantir que os direitos conquistados não sejam retirados, conforme a proposta da reforma da Previdência Social, que propõe igualar a idade entre homens e mulheres em 60 anos para adquirir o benefício de aposentadoria.
Atualmente, as mulheres trabalhadoras rurais podem se aposentar aos 55 anos e os trabalhadores rurais aos 60 anos. Se a reforma for aprovada, a partir de 1º de janeiro de 2020, a idade de aposentadoria da mulher do campo aumentará seis meses a cada ano até atingir 60 anos. O tempo de comprovação mínima passa de 15 para 20 anos de contribuição mínima.
O Movimento Sindical considera a proposta injusta por prejudicar exclusivamente os trabalhadores rurais que recebem salário mínimo, responsáveis por produzir alimentos e desenvolver a agricultura brasileira; e machista, por não valorizar o trabalho e o empenho das mulheres do campo, que enfrentam dupla jornada, em casa e na roça, em atividades insalubres, sem direito a férias, folgas e 13° salário.
A coordenadora Estadual de Mulheres, Agnes Schipanski Weiwanko, relembra das lutas e de todo o esforço que as mulheres do meio rural enfrentaram para conquistar seus direitos. “A proposta de elevar a idade de aposentadoria das mulheres agricultoras é revoltante e machista. A proposição do Governo Federal mostra a falta de reconhecimento e valorização do trabalho das mulheres que vivem no campo e contribuem com a produção de alimentos, garantindo a soberania alimentar da população brasileira”, ressalta Agnes Schipanski Weiwanko.
A Fetaesc, por meio das Microrregiões e dos Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santa Catarina, tem mobilizado as mulheres do Movimento Sindical dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais (MSTTR) para participar de diversas atividades pelo Estado Catarinense. Os objetivos dos encontros são reconhecer e discutir a importância da mulher na propriedade rural e na sociedade; celebrar a data que resgata a luta e a força das mulheres por igualdade; prevenir a violência contra as mulheres e organizar a delegação catarinense para a 6ª Marcha das Margaridas, que ocorrerá nos dias 13 e 14 de agosto, em Brasília.
Dia de luta
A luta das mulheres por condições dignas iniciou no fim do século XIX, principalmente, na Europa e nos Estados Unidos. As jornadas de trabalho de 15 horas diárias, os baixos salários e a discriminação de gênero eram alguns dos problemas enfrentados na época que levaram as mulheres a se mobilizarem.
Embora diversos acontecimentos tenham contribuído com a criação de um dia especial para as mulheres, o incêndio na fábrica em Nova York em 25 de março de 1911, que matou 146 pessoas, sendo que 129 eram mulheres, foi um marco histórico pelas péssimas condições de trabalho e porque uma porta estava fechada para impedir a fuga das trabalhadoras.
Seis anos depois, o 8 de março se tornou um dia de luta, quando mais de 90 mil mulheres russas foram às ruas reivindicar por melhores condições de vida e de trabalho durante a Primeira Guerra Mundial, em 1917. A manifestação, conhecida como “Pão e Paz”, foi o marco histórico para a escolha do Dia Internacional da Mulher. A data comemorativa foi oficializada somente em 1921 e reconhecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975.
Atualmente, além de celebrar e comemorar, o Dia Internacional da Mulher tem como objetivo conscientizar a sociedade civil sobre as desigualdades de gênero e sobre a violência contra a mulher.
Não à violência contra mulher
O Brasil é o 5º país mais violento do mundo, onde 13 mulheres são assassinadas por dia. Santa Catarina também está entre os estados brasileiros mais violentos com registros de mulheres que sofrem agressões físicas diariamente.
Matéria: Viviana Ramos/Fetaesc