O Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lages celebra 48 anos de história, lutas, reivindicações e muitas conquistas nesta quinta-feira (8). Fundado em 8 de novembro de 1970, pelos sócios-fundadores Carlos Luiz Peron, Luiz Goulart e Augustinho Basquerote, o Sindicato de Lages foi o primeiro da Região Serrana, presidido por Francisco de Assis Pereira. Na época, a entidade era localizada em Bocaina do Sul, 75 quilômetros de distância do centro da cidade, onde os atendimentos ocorriam as quartas e aos sábados.
O sócio-fundador e atual presidente do STR de Lages, Carlos Luiz Peron, lembra que o Sindicato começou com 50 associados, que se reuniram no dia 8 novembro e aprovaram um estatuto durante a primeira assembleia, marcando o início da trajetória do Movimento Sindical na Serra Catarinense. “Nós anunciamos na rádio e fomos de casa em casa convidando todos os agricultores da região”, conta Luiz Peron.
Na década de 70, quando a entidade foi fundada, os agricultores que deram início ao movimento enfrentaram muitos desafios e passaram por momentos difíceis e conturbados devido à Ditadura Militar. Políticos, autoridades e membros da igreja, padres, vigários e bispos; não aceitavam a ideia de que os trabalhadores rurais pudessem se organizar e exigir seus direitos de cidadãos.
A primeira conquista do Sindicato de Lages para garantir direitos aos agricultores foi conseguir atendimento gratuito no Hospital São José, de Bocaina do Sul, que havia sido totalmente equipado com verba do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural), mas cobrava por consultas e atendimentos das pessoas que viviam no meio rural.
Ao longo dos anos foram diversas reivindicações e conquistas, entre elas a luta para garantir a aposentadoria dos trabalhadores rurais de Lages. Por meio de uma ação do Movimento Sindical foi possível garantir ao homem do campo o benefício de se aposentar.
Carlos Luiz Peron relembra ainda que ele ajudava a organizar a documentação de cada agricultor e que foi muito trabalhoso porque a maioria das pessoas não tinham documentos. “Outra conquista importante do Sindicato foi a garantia de direitos aos assalariados rurais que, após um acordo coletivo, passaram a ter carteira de trabalho assinada e benefícios”, destacou.
Pioneiro na Região Serrana, o Sindicato de Lages também contribuiu com a fundação dos sindicatos de Bom Retiro, Urubici, São Joaquim, Anita Garibaldi e São José do Cerrito, primeiros municípios vizinhos que abraçaram a causa e entraram no Movimento Sindical. Atualmente, a Microrregião Serrana (Astraplans) abrange 13 sindicatos da Serra Catarinense.
Segundo o presidente Carlos Luiz Peron, foi preciso fazer um trabalho árduo para conscientizar as pessoas da importância de se organizar e de ter um sindicato que represente a categoria. “Foi muito difícil, mas valeu a pena. Depois de todo o sacrifício daquele tempo, a gente se sente feliz e agradecido. É gratificante ter contribuído para que hoje o agricultor seja reconhecido como um cidadão com todos os benefícios adquiridos”, finaliza Peron.
48 anos depois, o STR de Lages tem aproximadamente 850 associados e o município conta com 3,5 mil propriedades rurais, que trabalham com as principais culturas da região: milho, feijão e soja. A criação de gado de leite também tem uma participação significativa na agricultura familiar do município.
O presidente da Fetaesc, Walter Dresch, parabeniza os agricultores de Lages e a diretoria do Sindicato por preservar essa linda história de 48 anos. “Parabenizo e agradeço pela continuidade das ações e lutas, que ocorreram desde o início da trajetória, para garantir qualidade vida aos homens e mulheres do campo”, salienta Walter Dresch.
Matéria: Viviana Ramos/Fetaesc